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Tecnologia da Informação pode melhorar a economia circular

Por Annette Zimmermann*

Cerca de 80% dos produtos dos fornecedores de hardware estarão vinculados a iniciativas circulares até 2030, taxa bem acima dos 20% que devem ser registrados em 2023. A projeção é do Gartner, a principal empresa de pesquisa e consultoria do mundo, que também estima que remanufaturar e reutilizar dispositivos no final da vida, em vez de acabarem em um aterro sanitário, vai rapidamente se tornar uma prioridade para a maioria das empresas do mundo. Em paralelo, a Inteligência Artificial Generativa pode melhorar a sustentabilidade da TI e os fornecedores de hardware podem fazer uma série de iniciativas para reduzir ainda mais o impacto ambiental dos  dispositivos dos usuários finais.

A indústria de hardware está em transição para uma economia mais circular para lidar com a pegada ecológica de seus produtos. Cada fornecedor tem um foco diferente quando se trata de tornar seu produto mais sustentável. Por exemplo, alguns são altamente focados em embalagens e alcançaram 100% de material reciclado. Outros fornecedores focam no próprio produto e aumentam a porção de materiais reciclados certificados em seus dispositivos.

Além disso, os fornecedores estão adotando uma cadeia de suprimentos circular que consiste em coletar, reutilizar/estender a vida útil, além de consertar, restaurar, reformar e reciclar. Certamente, muito mais ainda pode ser feito. Por exemplo, os fornecedores podem acelerar a transição para uma cadeia de suprimentos circular definindo indicadores de performance (KPI) relevantes, como metas específicas de material reciclado em novos produtos. Podem também promover a geração e armazenamento de energia renovável (como biobaterias) para reduzir o impacto ambiental e social da extração e processamento de matérias-primas.

A fabricação de produtos circulares reais requer uma mudança de sistema em vez de aprimoramentos marginais de produtos. Para realmente migrar para uma economia circular em TI, os fornecedores de hardware devem fazer a transição de uma abordagem de produto ecoeficiente para uma proposta mais ampla de ecoeficiência. O conceito de ecoeficácia abrange a otimização de um sistema inerentemente novo e circular. Trata-se de reter e estender o valor dos produtos para o maior tempo possível.

Vários fornecedores de hardware já estão fazendo isso. No entanto, mais fornecedores devem priorizar o design de produtos que incluam componentes reciclados e materiais renováveis fáceis de desmontar e consertar para conseguirem aumentar a vida útil dos dispositivos. Sem dúvida, essa abordagem ajudará a aumentar a porcentagem de produtos dos fornecedores vinculados às iniciativas circulares.

Nesse ambiente, a Inteligência Artificial Generativa pode ajudar a aprimorar a economia circular em TI e impactar positivamente a indústria eletrônica em várias áreas. Por exemplo, na ciência de materiais, pode ser usada para projetar materiais ainda mais sustentáveis. Outro exemplo inclui a informática de materiais, que consiste na aplicação de Inteligência Artificial, de Gêmeos Digitais e a análise de dados que melhoram a eficiência do desenvolvimento de materiais que, em última análise, reduzem o impacto no meio ambiente.

A descoberta mais rápida de novos materiais com propriedades específicas pode desempenhar um papel importante em diversas áreas, incluindo novos métodos de reciclagem e reaproveitamento de materiais de produtos existentes, e um processo de produção sustentável de eletrônicos. Estimamos que, até 2025, mais de 30% dos novos medicamentos e materiais serão descobertos sistematicamente usando técnicas generativas de IA partindo do zero.

Diante da dúvida se novas legislações, como iniciativas de ‘direito de reparar’ e o Passaporte de Produto Digital da União Europeia, são suficientes para reduzir o lixo eletrônico, acredito que essas legislações são um bom começo, mas mais que precisa ser feito. O Gartner estima que os ativos de TI chegam a representar 7% do lixo eletrônico global. Portanto, é compreensível que tenham surgido movimentos como o direito de reparar, um amplo esforço internacional que permite aos consumidores finais e empresas a consertarem livremente seus dispositivos em caso de falha mecânica ou técnica. Várias marcas de dispositivos também começaram a introduzir programas de reparo para obter peças sobressalentes.

O Digital Product Passport (DPP), projetado para fornecer aos consumidores e às empresas novas possibilidades de reciclagem e remanufatura, traz informações relevantes como indicadores ambientais e dados sobre durabilidade, reutilização, capacidade de atualização e de reparo. Isso impactará, em breve, todos os fabricantes de eletrônicos de consumo na União Europeia. Portanto, os fabricantes deveriam agir agora e já avaliar os critérios necessários para se adequarem ao DPP para garantir a captura de dados de circularidade em toda a sua cadeia de suprimentos. Mas isso não é suficiente. Os líderes de TI também terão que continuamente racionalizar, reter e reestruturar o uso de dispositivos, desde a aquisição até o descarte, de forma que preserve o planeta, envolva os funcionários e apoie os negócios.

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*Analista e vice-presidente do Gartner